O peixe Ituglanis boticário é predador e vive em cavernas no Estado de Goiás
Sociedade Brasileira de Zoologia
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Batizado com o
nome de Ituglanis boticario, ele já é um peixe ameaçado de extinção, “porque é
frágil, tem populações pequenas, é endêmico de um sistema de cavernas e tem uma
série de características que já o tornam ameaçado”, disse ontem uma das
coordenadoras da pesquisa, a professora Maria Elina Bichuette, da Universidade
Federal de São Carlos, em São Paulo. A descoberta foi descrita em artigo
publicado na revista da Sociedade Brasileira de Zoologia.
Segundo a professora, a pecuária é séria ameaça à existência
dessa espécie de peixe, pois o entorno das cavernas de Mambaí é todo ocupado
pela expansão agrícola, em especial a pecuária, que é bem forte naquela região
de Goiás.
De acordo com ela, o Ituglanis boticario tem papel ecológico importante, porque é um predador de topo de cadeia e mantém o equilíbrio de outros animais da região. “Se eu retiro um predador de topo, posso causar desequilíbrio, porque teria de controlar todas as outras populações de animais.”
Ranking mundial
A descoberta coloca o Brasil em segundo lugar no ranking global de
peixes subterrâneos, atrás apenas da China, que catalogou 40 espécies de
caverna, enquanto o Brasil registra 28.
Para Maria Elina, a importância da descoberta é ainda
maior para aquela região específica de Goiás, que é um foco forte de
diversidade de peixes subterrâneos, com valor para o país e toda a América do
Sul. “Temos ali, só em uma região de 60 quilômetros quadrados, oito peixes
troglóbios. Isso é extremamente relevante. Coloca a região em destaque na
América do Sul.”
A professora disse que o Ituglanis boticario pode ajudar
o governo na elaboração de políticas públicas que protejam a biodiversidade.
Para a região, essa é a primeira espécie de peixe troglóbio descrita. A espécie
pode funcionar como um guarda-chuva.
“É uma espécie importante, endêmica, que
protegeria todo o sistema da (Gruta da) Tarimba. Mesmo que não tenhamos
descrito todas as espécies da região, temos essa proteção a priori, porque essa
espécie já se configura como frágil, é superpotencial para exames na lista de
fauna ameaçada. Mesmo não estando na lista, já consideramos (a espécie)
ameaçada e tem todos os elementos para elencar, pelo menos, como vulnerável.
Tem ocorrências pequenas e ameaça no entorno, que é o desmatamento”, explicou.
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