99% da população mundial possui 1% da riqueza do mundo
Vladimir Platonow/Agência Brasil
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Essa é a conclusão de um estudo da organização não-governamental britânica Oxfam, divulgado ontem, às vésperas do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. O Fórum começa amanhã. O levantamento foi realizado com base em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro do ano passado.
A divulgação destes dados tem o propósito de chamar a atenção dos líderes da economia e da política mundial que estarão em Davos para que definam medidas capazes de reduzir a desigualdade no mundo.
Segundo o estudo da Oxfam, a riqueza acumulada pelo seleto grupo formado pelas 62 pessoas mais ricas do mundo equivale a todo o patrimônio em poder de metade da população mais pobre do planeta.
A disparidade entre ricos e pobres no mundo é tanta que, para os padrões da classe média brasileira, não é preciso muito para estar na elite rica mundial. O mesmo estudo também afirma que quem acumula bens e dinheiro no valor de US$ 68 mil (cerca de R$ 275 mil) está entre os 10% mais ricos da população. Para fazer parte do 1% mais rico, é preciso ter US$ 760 mil ( pouco mais de R$ 3 milhões).
Na verdade, há o risco deste 1% da população mundial já deter muito mais que a metade da riqueza mundial. O Credit Suisse reconhece ser muito difícil conseguir informações precisas sobre os bens e dinheiro acumulados pelos super-ricos. Outra ressalva é que os números incluem estimativas colhidas em países onde não há estatísticas precisas. Este valor, portanto, pode ser muito maior.
Outro detalhe que chama a atenção é a aceleração da concentração de riquezas no mundo, principalmente nos últimos 12 meses, segundo a Oxfam. A ONG britânica previu, no ano passado, que este emparelhamento das riquezas entre o 1% mais rico e os 99% restantes ocorreria no final de 2016. No entanto, aconteceu em outubro de 2015.
O estudo Global Wealth Databook, do Credit Suisse, por sua vez, trouxe indicadores impressionantes. Segundo o documento, cerca de 35 milhões de pessoas no planeta têm patrimônios avaliados entre US$ 1 milhão (cerca de R$ 4 milhões) e US$ 50 milhões (R$ 201 milhões). Já os multimilionários (que possuem mais de US$ 50 milhões) são 128 mil pessoas em todo o mundo e o Brasil é o país latino-americano com a maior quantidade desses indivíduos: aproximadamente 1.900.
E na pontinha da pirâmide da riqueza mundial estão 92 pessoas, com patrimônios superiores a US$ 1 bilhão (R$ 4 bilhões). Juntos, eles teriam mais dinheiro que a metade mais pobre do planeta.
Para equalizar a distribuição de riqueza no mundo, a Oxfam propõe, entre outras ações, a redução da diferença entre o que é pago a trabalhadores que recebem salário mínimo e o que é pago a executivos, o fim da diferença de salários pagos a homens e mulheres, redução do preço de medicamentos e a cobrança impostos sobre a riqueza em vez de impostos pelo consumo.
A miséria no planeta é tão grande que quem tem alguma coisa já tem muito mais do que muita gente. Dá para entender porque há tanta violência no mundo atual, não é verdade?
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