Um método desenvolvido por pesquisadores brasileiros pode
inovar uso de terra rara em circuitos elétricos. A técnica incorpora terras
raras em vidros óxidos amorfos e será testada em semicondutores.
|
Terras raras não utilizadas no aprimoramento de circuitos eletrônicos
Wikimedia/commons
|
O desenvolvimento e aprimoramento da tecnologia poderá,
num futuro próximo, trazer grandes inovações no funcionamento de computadores,
televisores, lâmpadas e outros objetos que possuam circuitos elétricos e
magnéticos nos quais há uso de terras raras.
No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP,
pesquisadores desenvolveram um novo método para co-dopagem de vidros óxidos
amorfos (sem forma definida), que são capazes de incorporar as terras raras,
substâncias químicas da tabela periódica com diversas propriedades especiais.
A pesquisa é coordenada pelo professor Euclydes Marega
Junior, do Grupo de Óptica (GO) do IFSC, em parceria com Younes Messaddeq, da
Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Além de emitir luz em diversas cores do espectro solar,
inclusive no padrão RGB (Red, Green, Blue), no qual as luzes de LED, por
exemplo, são baseadas, a importância das terras raras vai mais longe: muitas
deles possuem propriedades magnéticas e, inclusive, elétricas.
No entanto, não existe uma quantidade expressiva dessas substâncias
no Brasil, sendo que a China é o país com maior quantidade deles no mundo. “Um
dos desafios atuais é a dominação da técnica de purificação e extração das
terras raras, procedimentos muito difíceis de se executar, atualmente”, afirma
Marega Junior.
Os vidros óxidos incorporam as terras raras de maneira
mais efetiva e são mais baratos e mais fáceis de serem produzidos em
laboratório do que os semicondutores, materiais atualmente utilizados em
pesquisas e em produtos que utilizam circuitos elétricos e magnéticos. “Por
enquanto, parte dos vidros é produzida na Unesp e parte no IFSC. A partir do
ano que vem, pretende-se produzir esse vidros somente no Instituto”, antecipa o
professor do IFSC.
Entenda melhor
As terras-raras são um grupo seleto de 17 elementos
químicos de relativa abundância na crosta terrestre (com concentração variando
entre 68ppm para o cério e 0,5ppm para o túlio e lutécio) considerados raros
pela dificuldade da sua separação (já
que ocorrem em vários minérios de composições distintas).
Os elementos são:
•Cério (z = 58)
•Disprósio (z = 66)
•Érbio (z = 68)
•Escândio (z = 21)
•Európio (z = 63)
•Gadolínio (z = 64)
•Hólmio (z = 67)
•Itérbio (z =70)
•Ítrio (z = 39)
•Lantânio (z = 57)
•Lutécio (z =71)
•Neodímio (z = 60)
•Praseodímio (z = 59)
•Promécio (z = 61)
•Samário (z = 62)
•Térbio (z = 65)
•Túlio (z = 69)
Apenas o lantânio, que é muito instável, não é visto
nestas terras – embora se classifique como tal.
Hoje, a China é o maior produtor desses minérios, respondendo por
quase 97% do suprimento do mercado mundial. Frequentemente,
no entanto, a extração destes minérios é realizada por meios não lícitos, com
grande impacto para o ambiente.
(com informações da Agência USP)