O rebaixamento da classificação brasileira deve pressionar o preço do dólar
EBC/401(K) 2012/flickr/Creative Commons
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Ontem, a agência de classificação de riscos Standard
& Poor's anunciou que resolveu rebaixar a nota de crédito do Brasil (BB+), que
estava para grau de investimento, ou seja, era recomendado ao investidor que o
Brasil era um bom pagador de seus títulos, para o chamado grau de especulação
(BBB-), indicando que o País, em algum momento no futuro, pode ter dificuldades para
honrar seus compromissos. Na prática, isso significa que há risco de calote.
O rebaixamento da nota veio com viés negativo, indicando que
há chance de nova revisão para baixo no futuro.
A gota d’água para a decisão da Standart foi proposta
orçamentária do país para 2016, encaminhada pelo governo ao Congresso, prevendo
um déficit primário de R$ 30,5 bilhões em lugar do superávit de 0,7% estimado
anteriormente.
Para a agência, a proposta orçamentária com déficit
“reflete desacordo sobre a composição e magnitude das medidas necessárias para
reparação da derrapagem das finanças públicas”. A nota também cita dificuldades na relação
entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a presidenta Dilma Rousseff.
“Enquanto o ministro da Fazenda está trabalhando para
levar adiante várias medidas para retomar a meta inicial de 0,7% de superávit,
elas precisarão ser negociadas com o Congresso. Mais importante, a série de
eventos que levou à proposta orçamentária [com déficit] sugere coesão diminuída
com o gabinete da presidenta Dilma Rousseff e contribui para nossa avaliação de
um perfil de crédito mais fraco”, diz o comunicado.
A Standard & Poors é uma das três principais agências internacionais
de classificação de risco para investidores. As outras duas, apesar de ainda
manterem o País na classificação de bom pagador, também rebaixaram suas
notas para o Brasil: a Fitch em abril e a Moody's em agosto. Mas elas vêm
sinalizando suas preocupações em relação à economia brasileira e, se nada mudar
(para bem) na economia brasileira, também deverão tirar o selo de bom pagador
do Brasil.
E fica a pergunta: e daí? O que isso mexe com cada um de
nós? A resposta é: muito.
A tendência é de que muitos investidores em papéis de
empresas e do governo transfiram seus investimentos para outros países. Isso
pressiona o preço do dólar e altera o custo de vida em itens básicos como a
farinha de trigo.
Outro efeito ruim é nos juros, que tendem a subir, pois o
governo e as empresas terão de pagar taxas maiores para conseguir
financiamentos no exterior e mesmo aqui, dentro do Brasil.
Com isso tudo, os investimentos em geração de emprego vão
mais para o fundo da gaveta.
A luz no fim do túnel pode vir da valorização do dólar:
com o Real mais barato, as empresas brasileiras podem conseguir exportar mais
e, assim, trazer dinheiro para cá a partir da venda de produtos e serviços.
Hoje, mais do que nunca, é preciso
cuidar muito bem das contas do dia a dia para não afundar nesta pororoca em que
se transformou a economia brasileira.
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