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Pesquisadoras avaliam dados de cérebro doado para pesquisa sobre Alzheimer
Divulgação
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Numa apresentação oral no encontro anual da Academia Americana de Neurologia na Filadélfia, Pensilvânia, cientistas explicaram que a doença de Alzheimer que não afeta o hipocampo produz, frequentemente, sintomas que são substancialmente diferentes da forma mais comumente conhecida de doença de Alzheimer que afeta o hipocampo, o centro da memória.
Os pacientes, na maioria homens, em fase mais jovem do que a doença em sua forma mais comum, podem apresentar sintomas, como problemas de comportamento como acesso de raiva, sentimentos de que seus membros não lhes pertencem e que são controlados por uma força “alienígena” não identificada. Podem ainda apresentar perturbações visuais, apesar de não terem problemas nos olhos, informam os pesquisadores.
Os pacientes com essa variante de Alzheimer também entram em processo de degeneração mais rápido, do que os pacientes com a forma mais comum da doença.
“Muito desses pacientes, no entanto, têm memórias quase normal, levando os médicos a confundir o diagnóstico, com uma variedade de outros problemas que não correspondem à neuropatia básica”, diz a principal autora do estudo, a médica Melissa Murray, que é professora assistente de neurociência na Clínica Mayo da Flórida.
Diagnóstico equivocado
Muitos desses pacientes são diagnosticados com demência frontotemporal, um distúrbio caracterizado por mudanças na personalidade e no comportamento social ou síndrome corticobasal, caracterizada por distúrbios do movimento e disfunção cognitiva. A disfunção da linguagem também é mais comum em pacientes com DA que não afeta o hipocampo, apesar de não terem deficiências vocais ou de audição.
“O que é trágico é que esses pacientes são comumente mal diagnosticados. Por outro lado, temos evidências de que medicamentos para tratar a doença de Alzheimer, já disponíveis no mercado, podem funcionar muito bem no tratamento desses pacientes com DA que não afeta o hipocampo, possivelmente melhor do que no tratamento da forma comum da doença”, diz Melissa Murray.
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A forma variante de Doença de Alzeimer que não afeta o hipocampo
Reprodução
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Os pesquisadores se beneficiam muito do fato de disporem um dos maiores bancos de cérebros do país, com mais de 6,5 mil cérebros doados, bem como de um ambiente colaborativo entre a pesquisa de neurociência e a neurologia na Clínica Mayo, ela diz.
As duas proteínas características da doença de Alzheimer – a beta amilóide (Aβ), que forma placas Aβ, e a tau, que produz emaranhados de neurofibrilas – são encontradas em todos os subtipos da doença de Alzheimer, incluindo a DA que não afeta o hipocampo. Os pesquisadores desenvolveram um algoritmo matemático para classificar subtipos de DA, usando contagens de emaranhados.
“O que é fascinante é que todos os pacientes com subtipos de DA tinham a mesma quantidade de amilóide, mas, por alguma razão, emaranhados da tau foram encontrados em regiões corticais estratégicas, desproporcionais ao hipocampo”, explica.
Nesses pacientes, a tau danifica, preferencialmente, e destrói, com o tempo, os neurônios, em partes do cérebro envolvidas com o comportamento, consciência motora e recognição, bem como com o uso da fala e da visão, explica Melissa Murray.
"Abrir as mentes"
A pesquisadora diz esperar que essa pesquisa, o segundo estudo importante da Mayo a destacar a doença de Alzheimer que não afeta o hipocampo, irá “abrir as mentes” dos médicos que estão tentando diagnosticar a demência, ajudando-os a entender que a perda da memória não está presente em todos os pacientes com DA.
“Nossos estudos apoiam a noção de que a demência relativa à doença de Alzheimer não equivale, necessariamente, à perda de memória e aponta a necessidade para mais pesquisas dos biomarcadores de imagem da amilóide e da tau, para ajudar os médicos a diagnosticar a DA com precisão, independentemente do subtipo”, ela diz.
Para mais informações sobre tratamento da doença de Alzheimer na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, é possível contatar o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 1-904-953-7000. Também é possível enviar e-mail para intl.mcj@mayo.edu.
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