O atraso escolar contribui para que estudantes abandonem a escola
ABr
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Os dados são do Censo Escolar do Instituto Nacional de
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A maior parte dos municípios com
distorção idade-série de mais de 50% (468) está na Região Nordeste. Quando se
trata dos municípios com taxa menor que 10%, a maior parte, 190, está no
Sudeste.
Os dados foram selecionados com o auxílio da plataforma
de dados educacionais QEdu, onde estarão disponíveis para consulta a partir de
hoje. O portal é uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann, organização
sem fins lucrativos voltada para a educação (clique aqui para acessar o portal).
Os dados nacionais mostram que 32,7% dos alunos
brasileiros de escola pública do ensino médio não têm a idade adequada à série
em que estão. Parte desse atraso vem do ensino fundamental, onde 23,7% estão
nessa situação.
Pela Constituição, os estados e o Distrito Federal são
responsáveis, prioritariamente, pelo ensino médio. Segundo a presidenta da
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho,
os municípios têm um dever de casa: "Esse problema não começa no ensino
médio, começa nos anos finais do ensino fundamental [do 6º ao 9º ano].
Trabalhar na busca ativa é fundamental, tem que abrir o dado e ver onde está
esse aluno. Até para ver se ele tem condição de continuar ou não, se tem alguma
síndrome mais complicada, se está atrasado porque ficou fora da escola".
Com 21 anos, no 1º ano do ensino médio, Orleide Silva é
um exemplo de estudante que está fora do fluxo escolar. A idade adequada seria
15 anos. Quando tinha essa idade, no Piauí, a mãe de Silva separou-se do
marido. "Eu tinha que estudar à noite porque trabalhava de dia. Sustentava
minha mãe e meus dois irmãos. Começou a ficar muito difícil porque não tinha
transporte e parei de estudar".
Antes disso, ele já tinha sido reprovado no 4º e no 6º
ano do ensino fundamental. "Brinquei demais". Atualmente, mora no
Distrito Federal, voltou a estudar e pretende cursar filosofia para ser
professor. "Este ano, eu faltei um dia por motivo de serviço. Conhecimento
é importante para tudo. Quando eu era mais jovem, só queria curtição, agora
penso diferente. Ninguém vai tirar isso de mim".
No entanto, nem todos os alunos voltam a estudar. A taxa
de abandono no ensino médio em 2012 era 9,1%, a maior do ensino básico regular.
"O atraso escolar é uma das barreiras que contribuem
para que os adolescentes saiam da escola. A qualidade é o que garante a
permanência da escola. Um currículo que contribua para a formação cidadã, que
amplie os horizontes, em que o adolescente veja sentido no que vê em sala de
aula, que dê vida e significado à vida dele, dentro e fora da sala de aula é
necessário", analisa a oficial do Programa de Educação do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Júlia Ribeiro.
(com informações da Agência Brasil)
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