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terça-feira, 24 de junho de 2014

Mudanças climáticas afetarão pecuária paulista

O aumento futuro da temperatura na Terra, causado pelas mudanças climáticas, aumentará o potencial de produção pecuária no Estado de São Paulo. É o que revela pesquisa desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba (SP). Este crescimento, contudo, virá acompanhado de uma maior oscilação de produção ao longo do ano, o que exigirá uma preparação tecnológica dos produtores muito maior.

Foto com gado caminhando em propriedade rural
O pecuarista terá de investir em tecnologia para ampliar a produção
André Lage Freitas/Wikimedia
As conclusões são resultados de estudos realizados pelo agrônomo André Santana Andrade, que elaborou cenários futuros para a produção de pastagens da espécie Brachiaria brizantha cv. Marandu em função de projeções de mudanças climáticas no território paulista. “Buscamos identificar as principais vulnerabilidades do sistema de produção frente a tais mudanças e propor alternativas para minimizar os impactos”, afirma Andrade.

O projeto revelou que, em geral, as projeções mostraram um aumento futuro no potencial de produção. Com base no clima dos dois modelos de simulação avaliados, Precis e ETA-CPTEC, houve um aumento médio de 42% e 36%, respectivamente, na produção potencial climática de pastagens.

“Isso significa que, se as pastagens forem manejadas semelhantemente ao modelo de Cruz e colaboradores, que desenvolveram o modelo vegetal, haverá um aumento global de produção de forrageira no Estado de São Paulo”.

Nas simulações realizadas durante o estudo, foram considerados alguns cenários de emissões de gases de efeito estufa. Esses cenários são estabelecidos nos relatórios do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Consideramos os cenários A2 (alta emissão) e B2 (baixa emissão). Para se realizar as projeções, foi necessário ter uma base de dados observada, que considerava o clima atual. Os dados do período de 1963 a 2009, de 23 estações meteorológicas, constituíram esta base”. Os períodos simulados foram de 2013 a 2040, e de 2043 a 2070.

Grandes oscilações de produção


Apesar do aumento anual previsto na pesquisa, Andrade alerta que a variação da produção irá aumentar entre estações e entre anos.

“O aumento absoluto será maior na estação chuvosa, tornando a estacionalidade de produção mais marcante. Tal resultado é mais evidente nas simulações com o modelo ETA-CPTEC e para solos com menor capacidade de retenção de água”.

Segundo o pesquisador, os resultados variaram muito entre regiões, especialmente para cenários do ETA-CPTEC. Regiões mais quentes, como oeste do estado, tem maior potencial de produção, porém terão menor incremento relativo no futuro.

O pesquisador afirma que, em relação à oferta de carne e leite, que são os principais produtos obtidos das pastagens, não se espera impactos preocupantes quanto ao clima no Estado de São Paulo, uma vez que o potencial de produção será maior.

Os produtores rurais, classe mais diretamente ligada à produção de pastagens, terão que lidar no futuro com mais tecnologia para se adaptar às maiores oscilações de produção.

(com informações da Agência USP)

TAGS: Mudanças climáticas; Pecuária; Esalq; Pastagens

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