As incertezas em relação à economia brasileira e global levaram o Banco Central a manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. A decisão, anunciada ontem, era esperada pelos analistas, que preveem que a taxa permanecerá inalterada até o fim do ano.
Entre as incertezas citadas pelo BC estão as complicações
do cenário macroeconômico, em que há forte perspectiva de recessão, as previsões para a inflação e o atual
balanço de riscos. Também foram
consideradas complicações nos cenários interno e principalmente externo, em
que o desaquecimento da economia chinesa repercute negativamente no mercado
internacional.
Os juros bancários devem continuar elevados
EBC
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É importante notar que a decisão não foi unânime. Dois
dos seis integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) defenderam um
reajuste 0,5 ponto percentual na Selic. Isso indica que há disposição interna,
dentro do Banco Central, de salgar ainda mais os juros no País.
Os juros básicos estão nesse nível desde o fim de julho
do ano passado. Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no mesmo percentual de
outubro de 2006. A Selic é o principal instrumento do banco para manter sob
controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA).
No dia a dia do brasileiro, a medida significa que o crédito bancário
vai continuar bastante indigesto. O cheque especial deve manter os juros
elevados. Em fevereiro, as taxas nos principais bancos comerciais variaram de
11,40% a 14,95% ao mês. A taxa média ficou em 12,79% a.m., ou 323,95% ao ano.
Ou seja, o consumidor que tomar R$ 1 mil emprestados por este tipo de crédito,
deverá mais de R$ 4.300 ao fim de 12 meses.
O empréstimo pessoal, no qual as taxas variavam de 5 a
8,49% ao mês, ficou com a taxa média de 6,41% ao mês ou 110,83% ao ano.
Com as taxas bancárias nestas alturas, é fácil entender porque
os juros elevados aumentam a perspectiva da inadimplência. Para evitar ser
engolido na bola de neve dos juros bancários, o consumidor precisa tomar muito
cuidado com suas contas e procurar alternativas mais baratas de dinheiro. O
ideal é controlar os gastos de modo a não precisar recorrer às instituições financeiras.
Outro reflexo a ser considerado é na geração de empregos.
Com os juros muito pesados e o consumo retraído, as empresas tentem a adiar investimentos
e expansões, deixando na gaveta projetos que poderiam abrir preciosas vagas de
trabalho.
E atenção: Analistas de mercado ouvidos pelo BC antes da
última reunião do Copom disseram esperar que a Selic termine 2015 em 14,25%, e
recue para 12% no fim de 2016. Isso quer dizer que as contas domésticas precisarão
ser mantidas sob rígido controle ainda por um bom tempo.
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