O trabalhador vai poder usar seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para contrair um empréstimo consignado, que é aquele empréstimo em que o desconto da prestação é feito diretamente na folha de pagamento.
O crédito consignado oferece dinheiro a juros menores
EBC/Arquivo
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O Diário Oficial da União publicou ontem a Medida
Provisória nº 719 que permite aos trabalhadores do setor privado contratarem
crédito consignado utilizando até 10% do saldo do FGTS como garantia. O valor
do empréstimo também pode ser de até 100% do valor da multa rescisória, no caso
de dispensa sem justa causa.
Em nota divulgada ontem, o Ministério da Fazenda explicou
que a iniciativa é para ampliar os empréstimos consignados aos trabalhadores do
setor privado já que, atualmente, esta modalidade tem se restringido quase que
exclusivamente aos servidores públicos e pensionistas do INSS.
Quem tiver interesse neste tipo de empréstimo vai precisar
esperar um pouco mais.
É que o Conselho Curador do FGTS precisa definir alguns
detalhes sobre esta operação tais como o número máximo de parcelas e a taxa
máxima mensal de juros a ser cobrada pelos bancos. E a Caixa Econômica Federal,
que é o agente operador do FGTS, precisará definir os procedimentos operacionais
necessários à execução das novas regras. Isso tudo deve ocorrer nas próximas
semanas.
A ideia de liberar o FGTS como garantia para o
trabalhador tomar empréstimo consignado não é de agora. A medida foi anunciada pelo
governo inicialmente no fim de janeiro, quando o Ministério da Fazenda destacou
que sua aprovação era importante para conter o endividamento dos trabalhadores
do setor privado.
E é justamente por causa do endividamento que o
trabalhador deve usar com muito, mas muito cuidado este recurso.
O crédito consignado é um empréstimo financeiro oferecido
pelos bancos com taxas de juros menores que as do cheque especial, empréstimo
pessoal e do cartão de crédito. Ele vale a pena quando a pessoa usa este
dinheiro, com juros em torno de 2 a 3% ao mês, para zerar dívidas com taxas
maiores, como o cheque especial, que chega a 15% ao mês, ou o empréstimo
pessoal, que beira 9% ao mês.
Mas o trabalhador não deve se enganar. A parcela do
consignado cai direto na folha de pagamento e, assim, a pessoa não tem como
evitar seu pagamento. Deste modo, o dinheiro do salário que ele receberá vai
ficar menor até quitar todo o empréstimo. Então, se as contas estão apertadas e
este dinheiro não é extremamente necessário, é melhor não fazer este
compromisso.
O Ministério da Fazenda estima que a medida pode
viabilizar operações que totalizem até R$ 17 bilhões. É muito dinheiro que, se
não for usado com toda cautela, pode aumentar muito o buraco no endividamento das
famílias brasileiras.
Afinal de contas, crédito consignado é como a rapadura: é doce, mas não é mole.
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