Investir em dólar é um bom negócio agora?

A recente disparada do dólar chama a atenção de muitas pessoas. Os saltos diários da moeda norte-americana em relação ao Real brasileiro parecem exibir uma rentabilidade muito superior às tradicionais formas de investimento, como a Caderneta de Poupança. Mas será que é tudo tão fácil assim, mesmo?

De 2012 para cá, a cotação dólar dobrou em relação ao Real

EBC/creative commons

De 2012 para cá, o valor do dólar em relação ao Real dobrou. Estamos falando na cotação comercial, à vista. Em 1º de outubro de 2012, a cotação do Real nesta modalidade de câmbio era de R$ 2,02 para cada dólar. Nesta mesma data em 2013, o valor era de R$ 2,21 e um ano depois, R$ 2,48.

Nos últimos meses a moeda norte-americana disparou. No dia 24 de setembro chegou à marca histórica de R$ 4,24 por alguns momentos. Depois disso, oscilou bastante e em 1º de outubro deste ano estava nos R$ 4,00. Hoje está na casa dos R$ 3,87, sujeito a chuvas e trovoadas.

De olho nesta trajetória astronômica, muita gente fica pensando em pegar carona para engordar um pouco suas economias. A questão é se agora é hora de fazer isso. E, como quase tudo em economia, a resposta é: depende.

O mercado do câmbio é considerado, como o ouro e outros papéis, altamente especulativo. Isso quer dizer que ele sempre navega em águas muito instáveis, que a qualquer momento podem se revoltar e castigar bastante quem está por ali.

Daí, quem tem muito lastro pode até aguentar melhor os baques. Investidores que passam o dia debruçados nas cotações têm como entrar e sair deste mercado instável quando ocorrem as melhores oportunidades, mas normalmente o pequeno investidor, sem acesso a tanta informação, perde muito e não raro afunda.

Após a estilingada do câmbio nas últimas semanas, especialistas acreditam que a maior parte da valorização do dólar já ocorreu. Quando o dólar estava abaixo de R$ 2,00, há alguns anos, era fácil subir bastante, pois o câmbio era mantido baixo por interesse do governo. Agora, parece que há uma acomodação na atual faixa dos R$ 4.

Evidentemente, seria loucura dizer que não haverá novas valorizações da moeda norte-americana, mas a perspectiva é de que as eventuais novas altas não tenham a mesma magnitude do que ocorreu até aqui. Além disso, moedas são muito voláteis e, uma vez resolvida a atual crise política (e um dia ela será resolvida), é bastante provável que o câmbio recue a níveis mais civilizados.

Assim, é preciso ter muito cuidado na hora de apostar seus investimentos em câmbio. Diversificação, como sempre, é um porto seguro. O melhor é adotar uma receita em que a maior parte das economias fique em aplicações seguras, como a Poupança. Outra parte, menor, pode ser destinada a investimentos mais arrojados e, desta fatia, um tanto ser alocada para a aposta no dólar.

Mas se o pequeno investidor tem nervos de aço e quer explorar os investimentos em câmbio, ele pode investir em fundos cambiais, ou seja, fundos indexados ao dólar.

Outra maneira é comprar minicontratos cambiais, o chamado "Mini Dólar", que são acordos de compra ou venda de dólar em prazos futuros com preços fixados nos quais o investidor escolhe o prazo e ajusta com suas necessidades.

Para fazer estes investimentos, é preciso ter conta em uma corretora que trabalhe com esse tipo de operação. Neste caso, é importante observar os custos de corretagem, de custódia e impostos.

E atenção quem pretende comprar o dólar em espécie, ou seja, diretamente as notas emitidas pelo Tesouro dos Estados Unidos: muito, mas muito cuidado com o que você está comprando. Há muito dólar falso rolando por aí e engana facilmente quem é leigo.

É isso aí.  Investir em dólar é sempre uma aventura de muitas e fortes emoções.